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A indicação da procuradora Marluce Caldas saiu após 8 meses de negociação e dependeu de apoio do prefeito de Maceió, JHC, da família Calheiros e respingou até mesmo no projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Isso porque Arthur Lira (PP-AL) estava insatisfeito com as costuras feitas nos bastidores e usou o projeto como moeda de troca para garantir seu futuro político.

Marluce é tia de JHC, que hoje está no PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente Lula articulou com o prefeito a indicação da tia com a garantia de que ele vá pra base do governo em 2026. Conseguiu. As conversas estão bem encaminhadas com o PSB. Com isso, Renan Calheiros também apoiou a indicação de Marluce e costurou um acordo para JHC concorrer ao Senado no próximo ano e, assim, os dois ocuparem as vagas do estado de Alagoas.

Nesse combinado, Lira ficaria de fora – ele que é adversário histórico da família Calheiros. Com a relatoria do projeto do IR nas mãos, Lira pediu que Lula segurasse a indicação e voltou a negociar com a JHC. Conseguiu: o prefeito deu a palavra de que ficará na prefeitura até o final do mandato, em 2028 e, portanto, dá a chance a Arthur Lira concorrer ao Senado sem muito tumulto.

Com a nova negociação, o atual ministro dos transportes, Renan Filho, vai se candidatar ao governo de Alagoas – agora, sem concorrente forte direto. Ele ainda fica sem risco de perder o cargo de senador, já que foi eleito em 2022 e tem mandato até 2028.

Arthur Lira foi atendido e apresentou o relatório do IR – a prioridade nº 1 do governo Lula. O texto, inclusive, agradou o governo. Manteve a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e ampliou o desconto parcial do imposto pra quem ganha de R$ 5 a R$ 7.350. O deputado ainda manteve a taxação para pessoas de alta renda, como queria a equipe econômica: será escalonada até 10% para quem ganha R$ 1,2 milhão por ano.

Nesse rebuliço, a república de Alagoas saiu mais vencedora do que nunca.